Wilson diz que elenco do Figueirense “não está pronto” e busca zagueiro para o estadual
Gerente de futebol e CEO do Figueira dão entrevista à Rádio CBN Floripa; confira os trechos
Dois dias antes da estreia do Figueirense no Campeonato Catarinense, Enrico Ambrogini, CEO do clube, e Wilson, gerente de futebol do Figueira, deram entrevista à Rádio CBN Floripa nesta quinta-feira para falar sobre elenco, investimentos, metas para 2025 e muito mais.
— O time não está pronto. Ainda temos posições para trazer, pelo menos mais uma para o estadual. Estou feliz com a montagem do elenco. Fiz um discurso para os atletas e mostrei que estavam chegando ao maior clube de Santa Catarina e que tinham como objetivos: o Catarinense, voltar a ganhar o clássico, que não vencemos há dois anos, e a Série C do Brasileiro, com acesso e título, que o clube ainda não tem um título nacional — revela Wilson.
Ao De, Wilson disse que procura um zagueiro para o Catarinense.
Elenco – Wilson Montamos uma equipe com atletas com bagagem, que estão acostumados a jogar com camisas de peso, que é o que o Figueirense pede, atletas que estavam jogando Série A e Série B, que conquistaram acessos e títulos recentemente. Uma espinha dorsal com atletas vencedores, para dar esse suporte para os mais jovens.
Por isso que trouxemos apostas, para fazer um equilíbrio e corrigir rotas se precisar na reta final do estadual. Não vamos precisar tirar alguém para trazer outro na Série C, hoje ainda temos orçamento.
Eu estou bem animado com esses jovens. Santiago e Reifit, são dois bons nomes que vejo muito potencial e qualidade. Mas as grandes contratações são Kayque e Fabricio.
Ouvi alguns falando que tinham poucos atacantes de beirada. Temos o Nicolas, um cara que apostei, que infelizmente ano passado sofreu muito com o tornozelo, foi tentando voltar, fez a cirurgia e hoje está muito bem. Conversei com ele, disse “pretendo ficar com você, vou apostar em você, mas hoje você é beirada, não quero você de nove”. Ele me explicou a intenção de jogar de nove, mas lembro quando chegou de beirada, com muita força, finalização e arrasto. Tem treinado bem, ele disse que não está incomodando mais. Tenho muita esperança que nesse ano ele dê a volta por cima e possa render o que realmente pode.
O Figueirense chegar na final do Catarinense] não é surpresa, nunca é, pela camisa que tem e pela história. Infelizmente o futebol muitas vezes é só visto pelos resultados. Foi notório que nos últimos anos as equipes montadas não foram do tamanho do Figueirense e não arrancaram os resultados esperados, no estadual e na Série C. Esse ano é um novo momento, uma nova maneira de montar a equipe. Vamos brigar e estamos falando que estamos animados. Estamos começando o ano desde o início com o objetivo de chegar em todas as competições. Futebol se resolve em campo, inúmeras variáveis podem acontecer no meio do caminho, mas estamos preparados para isso.
Foco no acesso – Enrico Ambrogini Esse ano de 2025 é o ano de continuar fazendo o que estamos fazendo, sem loucuras financeiras, 100% equilíbrio, mas dá para olhar para o campo, olhar para o futebol e pensar no que precisa para batermos nossos objetivos. Olhar para o futebol nesse ano é o foco desse. Na Série C o projeto Clave e financeiro não para em pé. Não tem recurso para sustentar um clube do tamanho do Figueirense, com a torcida e história que tem, não tem como sustentar numa Série C. O foco esse ano tem que ser o acesso.
Investimento no futebol – Enrico Ambrogini Quando coloca expectativa alta como estamos colocando, preciso fazer o papel de chatão de trazer o equilíbrio. Fazer uma folha desse tamanho, ouvimos muito no fim do ano passado que “a folha tem que ser no mínimo 1 milhão e 200, se não não sobe”. Essas besteiras não cabem mais. O meu papel é garantir uma sustentabilidade ao clube, não só fazer um time para subir. Se no final do ano não subir, queira Deus que isso não aconteça, temos fôlego para sustentar o clube. Fazer algumas adequações e reduzir staff para manter o futebol. O que tento trabalhar é para que junto de venda de loja, bilheteria, sócio torcedor e patrocínio eu não precise usar caixa da Clave. É difícil e esse caixa vai acabar sendo queimado para fazer a folha do tamanho que a gente considera. Tentar queimar o menos possível para no final do ano termos uma gordura. Mas se precisar, a gente identificar que precisa trazer alguém, chegar num consenso, vamos usar.
Todos os clubes profissionais deveriam ser “quanto vou gastar na minha folha?”, pega quanto arrecada e põe 60-70% para gastar na folha, o resto é para pagar imposto, deveria ser assim. É preciso deixar claro que as decisões são colegiadas, não existe nada que a gente decida sozinho. A responsabilidade de tudo que acontece é minha, mas nenhuma das decisões que são tomadas são individuais. Se o Figueirense não sobe, eu sou funcionário, eu posso cair.
Orçamento – Wilson Todo o orçamento está sendo respeitado, vendo o anúncio de algumas contratações o torcedor até brinca que dinheiro não é mais problema. Mas é tudo planejado. O orçamento de futebol, que foi gasto até agora e mais ou menos o que foi gasto no último ano, não há nada exagerado. O orçamento de futebol não é só na montagem de elenco, é na obra feita no CT, na estrutura feita para receber esse atleta que já jogou uma Série A e uma Série B, porque ele não vai querer chegar em um lugar que não tem estrutura, que sabe que não vai receber em dia. A gente consegue trazer esses atletas pelo convencimento, pelo projeto que a gente apresenta e pela estrutura. O CT ainda tem coisas para fazer. Nos espantamos com o que foi feito, a obra na estrutura principal, de fisioterapia, academia, vestiários, sala de reunião para a comissão técnica foi feita em 25 dias, no máximo, com Natal no meio. Ainda há melhorias para fazer, mas aos poucos vai melhorando.
Melhorias no CT – Enrico Ambrogini Já temos uma próxima obra engatilhada, é a irrigação do campo 1, é um CT muito pra frente da época que ele foi construído, só que parou, não continuou. Os campos tem cota baixa, se chove muito, o riozinho já sobe e dá uma inundada no campo. São coisas que às vezes são imperceptíveis para o torcedor, mas se gasta um grande dinheiro. Se eu sair daqui um ano, o próximo que pegar já não precisa fazer nada disso. Tem um gramado sintético de R$ 2.7 milhões, são quatro campos e um deles virou sintético, que, segundo o cara que tá construindo para a gente, é melhor que o Estádio Nilton Santos.
Projeto para o terreno do Ginásio – Enrico Ambrogini Vai ficar mais no campo do desejo. Até porque um investimento desse demanda tempo e dinheiro, duas coisas que temos bem escassa hoje em dia. Com certeza a área ali é bem valiosa. Eles que tocam mais essa parte de relação com a cidade, eu fico mais fora, eles devem ter alguma coisa engatilhada para apresentar. De fato precisamos dar algum direcionamento para o terreno do Ginásio. Ativar e fazer algo com a comunidade. Se já virar a torre, nota mil. Menos custo pra mim, fico feliz.
3 de 2 Enrico Ambrogini, CEO do Figueirense, em treino do Figueirense — Foto: Patrick Floriani/FFC
Enrico Ambrogini, CEO do Figueirense, em treino do Figueirense — Foto: Patrick Floriani/FFC
Sócios – Enrico Ambrogini A ideia da cadeira [tirar a cadeira marcada nos setores B e C] é que toda mudança gera muita fricção, fazê-la no momento em que não temos um número grande de sócios é o mais simples e que vai gerar menos ruído. Se eu esperar chegar na Série A, imagina eu fazer isso com 14 mil sócios. Acho que vai ser dolorido agora, mas que vai gerar bons frutos no futuro. Posso fazer o check-in, o sócio botar que quer o seu ingresso, se não quiser eu posso revender a cadeira dele. E um controle de cadeiras, quem tem e quem não tem fica muito mais difícil no dia-a-dia.
Reconhecimento facial – Enrico Ambrogini Quem quiser, vai poder pegar o seu ingresso e mandar para alguém. Precisa pegar o CPF e a pessoa precisa ter o cadastro facial, a biometria facial, que é feita pelo celular, pelo aplicativo. As catracas terão leitores faciais, que é mais sete vezes mais rápida que uma catraca normal. A partir de 2026 será obrigatório. É uma medida de segurança também, porque sabe absolutamente todo mundo que tá lá dentro.
Operação com a Clave – Enrico Ambrogini O instrumento que foi feito é uma debênture conversível, é um empréstimo com juros. Essa debênture só tem a natureza de ser conversível, se chegarmos ao final do prazo de cinco anos e não conseguirmos pagar de volta, ela [Clave] tem a opção de converter a dívida em ações, fica 90/10. Ela hoje é credora. Se daqui há pouco o clube tem dinheiro, tem R$ 60 milhões, tem a opção de pagar, porque é empréstimo. O Figueirense nunca teve um lado fácil para negociar, sempre foi um lado desesperado, que precisava dar um jeito. Eu acho que as condições são muito bem feitas e a Clave nunca deixou de honrar nada. Quando apertou foi ela mesmo que poderia ter se comportado como credora, mas segurou a barra.
Nova função – Wilson Eu tô preparado para as cobranças. Foi uma das primeiras coisas que eu falei para o Enrico quando conversamos sobre essa mudança no meu cargo “O ídolo agora acaba, agora eu sou a vidraça e no momento difícil eu vou tomar as pancadas, mas faz parte”.
Campeonato Catarinense – Enrico Ambrogini Falamos bastante disso no último conselho técnico e eu acredito que ter onze jogos na primeira fase desvaloriza muito o produto. A partir da sétima rodada você já mais ou menos sabe o que está acontecendo, dos doze classificando oito. Os clubes de menor investimento bateram na tecla de ‘”eu quero ter mais jogos porque quero que vá um Figueirense na minha cidade” e isso não sustenta um campeonato, é uma visão pouco altruísta. Não precisa ser criativo, em São Paulo também passou por isso. Fizeram uma fórmula que até hoje o pessoal discute. Foi o Criciúma que trouxe a ideia e eu falei, vamos copiar. Hoje o Figueirense deve ganhar cerca de 200 a 250 mil para jogar o Catarinense e a Inter de Limeira pegou R$ 7 milhões de cota do Paulistão em 2021.
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