Piramboia: Conheça o peixe-cobra que precisa respirar fora d’água

Peixe-cobra: conheça a espécie que pode morrer se não respirar fora d'água. Descubra detalhes sobre esse animal 'fóssil-vivo' e seu habitat exclusivo em água doce.

Peixe-cobra: conheça a espécie que pode morrer se não respirar fora d’água

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) considera o animal como um ‘fóssil-vivo’, ou seja, faz parte de uma espécie que pouco sofreu mutações ao longo dos anos.

Três exemplares da espécie ‘peixe-cobra’ moram no Aquário de Santos (SP) — Foto: Prefeitura de Santos/Divulgação

Um peixe que respira fora d’água. Essa é a piramboia (Lepidosiren paradoxa), também conhecida como ‘peixe-cobra’. O animal que está presente no Aquário de Santos, no litoral de São Paulo, é pulmonado, ou seja, pode até morrer se não tiver acesso à superfície para fazer a respiração externa.

De acordo com o Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade (Salve) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o peixe-cobra é considerado um ‘fóssil-vivo’, ou seja, faz parte de uma espécie que sofreu poucas mutações ao longo dos anos.

Com habitat exclusivo em água doce, a piramboia é único peixe pulmonado presente no Brasil, distribuindo-se nas bacias dos rios Amazonas, Paraguai e baixo Paraná, além de países e regiões como Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana e Guiana Francesa.

Segundo a Prefeitura de Santos, há três piramboias no aquário desde 2017. Os animais ficam em um tanque comunitário com outros peixes que compõem a temática de ornamentais amazônicos.

Segundo o biólogo Thiago Nascimento, a piramboia é adaptada para viver em regiões pantanosas que secam nos períodos de baixas dos rios, como na Bacia Amazônica. De acordo com eles, o animal se enterra na lama nos períodos de estiagem para respirar o oxigênio diretamente da atmosfera.

Andreth Oliveira, que também é biólogo, explicou que o peixe-cobra possui brânquias rudimentares, porém mais expandidas e vascularizadas. A respiração acontece quando o peixe sobe até a superfície e ‘abocanha’ o ar, que é absorvido por esse sistema vascularizado, funcionando como um ‘pulmão primitivo’. De acordo com os especialistas, o peixe pode morrer caso fique sem acesso à superfície.

O biólogo Alex Ribeiro acrescentou que existem outros representantes de peixes pulmonados, mas em regiões diferentes do planeta. “Eles nascem com a respiração branquial normal, mas, por uma questão evolutiva, em uma determinada fase da vida, passam a ter uma respiração pulmonar. É um bicho muito interessante”, complementou Ribeiro.

Em nota, a Prefeitura de Santos ressaltou que os peixes da espécie são resistentes e, em geral, não demandam cuidados especiais. O biólogo Alex Ribeiro destacou que, nos períodos de estiagem, o peixe fica com a parte da boca para fora da terra com o objetivo de respirar. “Ele passa naquela dormência ali por longos períodos, até anos, até que volte a chover e o animal volte a viver normalmente naquele ambiente”, explicou.