A vez delas: time da Copinha aposta em mulheres para cargos de confiança
Supervisão e captação de atletas do Tirol, clube cearense que está no grupo do
Santos, são feitas por Glória Freire e Lara Fontenele; conheça o trabalho
Time da Copinha aposta em mulheres para cargos de confiança
O Tirol-CE, clube que está no grupo do Santos em Araraquara (SP) na primeira
fase da Copa São Paulo de Futebol Júnior, não só encara a
competição como uma forma de revelar seus jogadores para o mundo do futebol,
como também para mostrar que está disposto a quebrar barreiras em meio a um
universo ainda predominantemente masculino.
Apesar dos exemplos de Leila Pereira, na presidência do Palmeiras, e da
recém-empossada Marianna Libano como mandatária do Coritiba, ainda é raro ver
mulheres em cargos de confiança no futebol masculino. Na contramão, o clube
cearense tem apostado em uma supervisora e uma analista de desempenho para
comandar a administração e as contratações.
1 de 4 Glória Freire, supervisora de futebol do Tirol, time que está no grupo do
Santos na Copinha — Foto: Divulgação/CEFAT
Glória Freire, supervisora de futebol do Tirol, time que está no grupo do Santos
na Copinha — Foto: Divulgação/CEFAT
Glória Freire, de 24 anos, graduada em Gestão Esportiva pela Universidade
Federal do Ceará (UFC), começou a trabalhar no Centro de Formação de Atletas
Tirol em 2021. Ela entrou como bolsista no programa Academia de Futebol, do
Governo Federal, vinculado às universidades. Em outubro de 2023, assumiu o cargo
de supervisora do clube e chamou atenção por trabalhar em uma função que,
geralmente, é realizada por homens dentro do futebol masculino.
— Infelizmente está intrínseco ao fato de ser mulher, independentemente do
espaço que for atuar, mas principalmente em cargos de confiança, as pessoas já
ficarem com pé atrás. Felizmente não é algo que a gente passa dentro do nosso
clube. A gente nunca viveu esse preconceito. Lá temos do sub-13 até o
profissional, e eu não tive nenhuma experiência ruim – disse Glória ao ge.
2 de 4 Lara Fontenele, analista de desempenho do Tirol-CE, que está no grupo do
Santos na Copinha — Foto: Divulgação/CEFAT
Lara Fontenele, de 23 anos, entrou no mundo do futebol no início da graduação de
Educação Física na UFC, quando tinha 19 anos. Ela chegou no Tirol há quatro
meses e faz parte da comissão do sub-20 e também do time profissional, como
analista de desempenho. Para ela, o receio de ser respeitada por conta do gênero
é maior, já que lida diretamente com profissionais de outros times,
majoritariamente homens.
Dos 38 funcionários do CEFAT, 13 são mulheres. No setor da administração do
clube, elas ocupam todos os cargos. Na área do futebol, o time conta com
nutricionista, fisioterapeuta, psicóloga e assistente social. Para Lara, a ativa
participação feminina no dia a dia do clube traz mais segurança às funcionárias.
– Então, às vezes, um clube que uma mulher te liga, que tem uma coordenadora e
supervisora, isso também te abraça de uma forma melhor.
No início de 2024, o Tirol e o Instituto Federal do Ceará (IFCE) firmaram um
acordo de incentivo ao futebol feminino. A parceria tem como objetivo colocar
mais meninas e mulheres para realizarem atividades práticas do futebol dentro e
fora dos gramados, além de receberem formação, como aconteceu com a supervisora
Glória.
3 de 4 Lara Fontenele, analista de desempenho do Tirol-CE, que está no grupo do
Santos na Copinha — Foto: Divulgação/CEFAT
Lara Fontenele, analista de desempenho do Tirol-CE, que está no grupo do Santos
na Copinha — Foto: Divulgação/CEFAT
“NÃO QUEREMOS FRONTEIRAS”
Esta é a primeira vez que Glória e Lara participam de uma Copa São Paulo de
Futebol Júnior, o maior campeonato de base do Brasil. Para elas, este já é um
sonho realizado, mas a ambição de mais conquistas é maior.
– Um sonho? Acho que realmente não ter limites, não queremos fronteiras. No
nosso estado, no Ceará, a gente ainda está nos profissionalizando em vários
setores dentro do futebol. A gente não pode se limitar, as pessoas recebem
propostas de outros estados e não tem muito o que se pensar, simplesmente vai
pra buscar outros horizontes. Para além do Brasil mesmo – projetou Glória.
– Costumo ter sonhos e colocar metas para três a cinco anos. Ano passado queria
estar numa categoria de base ou até profissional e aconteceu muito rápido. Estar
dentro do esporte é isso, principalmente o futebol, pela visibilidade que tem no
mundo inteiro, um dia você tá aqui e amanhã pode estar em outro patamar –
analisou Lara.
> “A Copinha é justamente isso. Muda a vida não só de atletas, mas também de
> todos os profissionais. Nosso sonho é que não tenha algo que nos limita”,
> concluiu a analista de desempenho do Tirol-CE
Glória Freire, supervisora de futebol do Tirol-CE, que está no grupo do
Santos a Copinha — Foto: Divulgação/CEFAT