‘Buraco dentro do peito’: mães que perderam filhos em intervenções policiais
relatam vida após luto e criam grupo para pedir justiça
O DE conversou com algumas dessas mães, que contam como foi a perda dos filhos
em ações com intervenções policiais em Itu (SP). Elas também relatam seus dramas
pessoais em função destas perdas e, até mesmo, supostas perseguições policiais
que sofreram.
Mulheres de Itu (SP) criam grupo para protestar contra violência policial
em Itu (SP) — Foto: Mães de Luta por Justiça de Itu/Divulgação
Um grupo DE Itu (SP) composto por aproximadamente 30 pessoas, sendo que ao menos 14 são mães que já
perderam os filhos em situações envolvendo agentes da segurança pública, criou e
participou de um movimento contra a violência resultante de intervenções
policiais na cidade.
O intuito, conforme as participantes do Mães de Luta por Justiça DE Itu, é “dar
visibilidade a inúmeras violações por parte de um grupo de policiais”.
As mães têm o apoio de outros grupos de luta e enfrentamento, como União da
Juventude Rebelião, Ação da Juventude e Rede de Proteção e Resistência contra o
Genocídio.
O DE conversou com algumas dessas mães, que contam como foi a perda dos filhos em ações com intervenções
policiais. Elas também relatam seus dramas pessoais em função destas perdas e,
até mesmo, supostas perseguições policiais que sofreram. Além de visibilidade,
elas lutam por reparação e justiça.
A Secretaria de Segurança Pública DE São Paulo (SP) reiterou que é uma
instituição legalista e que opera com protocolos rigorosos, e disse que, até
terça-feira (7), não havia encontrado registros das denúncias apresentadas nesta
reportagem, mas que permanece à disposição da população para oficializá-las e
investigá-las.
Em 2024, a professora Monalisa Alves da Silva enfrentou duas tragédias em sua
vida. No dia 17 de maio, ela perdeu o filho Antony Juan Nascimento Lisboa, de 16
anos, em uma ação com intervenção policial. Ela ainda vivenciava o luto de outro
filho quando recebeu a notícia no mesmo hospital, com o mesmo enfermeiro.
A auxiliar de limpeza Rosemeiry Alves de Campos compartilha do mesmo sentimento
e revolta. O filho, Rian Gustavo Alves de Campos, conhecido como BK, à época com
23 anos, também foi morto em função de uma intervenção policial. Ele morreu um
dia antes de Antony, no dia 16 de maio.
A mãe diz que, desde a morte do filho, a família não conseguiu seguir em frente.
A filha, de 13 anos, faz acompanhamento psicológico. O filho mais velho, de 30,
foi diagnosticado com depressão após a morte do irmão.
A mãe de um menor também faz parte do grupo. Ela chegou a prestar depoimento à
Corregedoria Geral da Polícia Civil. No documento, de 10 de julho de 2024, ela
conta que o filho foi apreendido e levado para uma delegacia da cidade, onde
apanhou até defecar.
No dia 21 de novembro, o grupo DE mães fez uma manifestação pelas ruas DE Itu. O
evento ocorreu no Centro de Educação Ambiental Miguel Loronte Villa, no bairro
Presidente Medici, mas se estendeu por ruas da cidade, em especial no Centro.
Munidas de cartazes, as mães pediam justiça com relação ao que ocorreu com seus
filhos.
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