Estudante de medicina disse à PM ‘tira a mão de mim’ antes de ser morto com tiro à
queima-roupa, mostra câmera em farda
Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, foi morto na portaria de um hotel na
Vila Mariana, na Zona Sul da capital, em novembro do ano passado. Polícia Civil
de SP pediu prisão de policial.
Câmera corporal mostra abordagem de PM que matou estudante de medicina —
Foto: Reprodução
O estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, que foi morto
por um policial militar durante abordagem
em novembro do ano passado, em São Paulo, chegou a dizer repetidamente “tira a
mão de mim” momentos antes de ser morto. É o que aponta o relatório final do
inquérito da Polícia Civil após investigadores analisarem as câmeras corporais
dos policiais.
Na última sexta-feira (3), a Polícia Civil pediu a prisão preventiva do soldado
da Polícia Militar Guilherme Augusto Macedo por atirar e matar o estudante.
No relatório, o delegado Gabriel Tadeu Brienza Viera, do Departamento de
Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), afirmou que, apesar de o estudante ter
reagido à abordagem policial, o PM “assumiu o risco do resultado morte, porque
usou ilegitimamente a arma de fogo para repelir uma suposta ameaça”.
Ainda conforme o relatório final, as imagens das câmeras corporais mostraram que
o estudante tentou entrar no interior do hotel, mas não conseguiu devido ao
portão estar fechado. Ele resistiu a abordagem e falou: “tira a mão de mim. tira
a mão de mim”. A GloboNews obteve frames das imagens das câmeras corporais (veja
acima e abaixo).
> “O policial militar que se encontrava no motorista chega para auxiliar na
> abordagem, mas tem seu pé retido por Marco Aurélio, até que é empurrado e cai
> ao solo, simultaneamente ocorre o disparo de arma de fogo por parte do outro
> policial”, aponta o relatório.
Câmera corporal mostra abordagem de PM que matou estudante de medicina —
Foto: Reprodução
PM mata estudante de medicina com tiro à queima-roupa na Vila Mariana, Zona Sul
de SP
PM mata estudante de medicina com tiro à queima-roupa na Vila Mariana, Zona Sul
de SP
Estudante de medicina dá tapa em retrovisor da polícia e foge em seguida — Foto:
Reprodução
A decisão pela prisão ou não do PM cabe à Justiça. A TV Globo não conseguiu
contato com a defesa do PM.
O policial já havia sido indiciado no inquérito policial militar (IPM) por
homicídio doloso e permanece afastado das atividades, assim como o PM que o
acompanhava no dia do ocorrido.
Novas imagens mostram estudante de medicina antes de ser morto por PM em SP
Os PMs Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado
estavam em patrulhamento pelo bairro da Vila Mariana quando o estudante, que
caminhava pela rua, deu um tapa no retrovisor da viatura e correu para o
interior do hotel onde hospedado com uma mulher.
Nas imagens registradas por uma câmera de segurança do hotel, é possível ver que
o jovem entrou no saguão sem camisa e foi perseguido pelos policiais. Durante a
confusão, o PM Guilherme atirou na altura do peito do estudante. No boletim de
ocorrência, os policiais alegaram que o jovem teria tentado pegar a arma de
Bruno.
O jovem foi levado ao hospital, mas não resistiu ao ferimento. Ele era o filho
caçula de um casal de médicos peruanos naturalizados brasileiros que se mudou
para o Brasil há mais de duas décadas. Marco Aurélio cursava o quinto ano de
medicina na Universidade Anhembi Morumbi.
Enterro no Cemitério Gethsemani Morumbi, do estudante de medicina Marco
Aurelio Cardenas Acosta, assassinado pela PM de São Paulo. — Foto: Paulo
Pinto/Agência Brasil
O pai dele, que é professor da USP, chegou a enviar uma carta ao presidente Lula
(PT) criticando a demora da Justiça e do governo de São Paulo na punição dos
envolvidos no crime.
Na época que as imagens do crime vieram a público, a Secretaria de Segurança
Pública (SSP) que os PMs envolvidos no assassinato foram afastados
de suas funções até o final das investigações, mas continuam soltos.
Corpo de Marco Aurélio, estudante de medicina morto pela PM, foi enterrado em SP — Foto: Reprodução/TV Globo