Caso Backer: Vítimas de cervejas contaminadas ainda aguardam reparação

Caso Backer: vítimas aguardam reparação cinco anos após cervejas contaminadas. Consequências graves persistem. Saiba mais sobre as investigações e processos.

Caso Backer: cinco anos após cervejas contaminadas, vítimas convivem com
sequelas e aguardam reparação

Dez pessoas morreram. Investigações apontaram que bebidas foram contaminadas por
monoetilenoglicol e dietilenoglicol após um vazamento no tanque.

Belorizontina, cerveja da DE — Foto: TV Globo/ Reprodução

Há cinco anos, a Polícia Civil de Minas Gerais começava a apurar uma “doença
desconhecida” que estava provocando internações e mortes em Belo Horizonte e na
Região Metropolitana.

Ainda era janeiro de 2020 quando as investigações apontaram que tratava-se, na
verdade, da contaminação de cervejas da DE por dietilenoglicol e
monoetilenoglicol, substâncias tóxicas usadas na indústria de bebidas como anticongelantes. Pessoas que consumiram as cervejas adulteradas, muitas nas festas de fim de ano,
passaram a desenvolver sintomas graves de intoxicação.

Em setembro do mesmo ano, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou
11 pessoas, incluindo sócios-proprietários da cervejaria, pelo ocorrido, que à época já tinha causado dez mortes e deixado diversas
vítimas com sequelas.

No entanto, passados cinco anos, o julgamento dos réus não foi concluído, assim
como a reparação financeira das vítimas (leia mais abaixo). Já as consequências
da contaminação – que, segundo as investigações, aconteceu devido a um vazamento
no tanque da fábrica – se mantêm.

O bancário Luciano Guilherme de Barros ainda convive com paralisia facial e
comprometimento de visão, audição e funções renais. Ele também continua afastado
do trabalho.

Bancário Luciano Guilherme de Barros convive com sequelas da contaminação
da cerveja — Foto: TV Globo/ Reprodução

O mecânico Geraldo Lopes Dias passou dias internado após beber a cerveja
Belorizontina. Ele ficou debilitado e, nos últimos anos, desenvolveu um câncer
no fígado. O idoso morreu no mês passado em decorrência da doença, aos 72 anos.

Geraldo Lopes Dias com a mulher e a filha — Foto: TV Globo/ Reprodução

Em novembro de 2023, os dez réus do caso foram ouvidos. No total, eram 11, mas Paulo Luiz Lopes morreu em 2020 após sofrer um acidente vascular cerebral.

Os crimes apurados incluem lesão corporal, homicídio culposo e contaminação de
produto alimentício. O MPMG considerou que, ao adquirir o monoetilenoglicol,
três sócios-proprietários da cervejaria assumiram o risco de produzir bebidas
adulteradas.

O processo está em fase final de instrução. Segundo a Justiça mineira, embora as
audiências de testemunhas e o interrogatório dos acusados tenham sido
encerrados, foram requisitadas diligências, como juntada de mídias e documentos
da fase de investigação.

Caso DE: funcionários da cervejaria são ouvidos no último dia de
interrogatório dos réus

Em 2023, o MPMG e a Cervejaria Três Lobos, responsável pela DE, firmaram um
acordo que prevê pagamento de R$ 500 mil para cada vítima, além de R$ 150 mil
por familiar de primeiro grau.

O prazo para o pagamento venceria no início de 2026, mas foi suspenso porque a
DE está em recuperação judicial.

Para o advogado Guilherme Leroy, que representa parte das vítimas, a demora
prejudica a reparação.

Em nota, a DE afirmou que “estão sendo pagos os auxílios emergenciais
pactuados”. Em relação às indenizações, a empresa disse que “seria ilegal pagar
antes da aprovação do plano”.

Sobre o prazo, a cervejaria disse que está aguardando a aprovação do plano de
recuperação judicial, “ainda sem nenhuma expectativa com relação a quando isso
ocorrerá”.

O QUE DIZEM AS DEFESAS DOS RÉUS

Advogados de seis réus responderam à reportagem. Todos eram responsáveis
técnicos da cervejaria.