O Baile Charme transforma o Viaduto de Madureira em um espaço de resistência e empoderamento negro. Um dos diretores do local, o DJ Michell, destaca a importância do coletivo para o movimento cultural carioca. DJ Michell é presença certa no Baile Charme do Viaduto de Madureira, no Rio de Janeiro, e compreende o impacto significativo daquele espaço na vida das pessoas. Aos 44 anos, ele encontra dificuldades em expressar em palavras tudo o que o local representa em sua jornada.
Ao recordar seu passado como Michel Jacob Pessoa, nascido e criado na Zona Norte do Rio, DJ Michell se emociona. Além de ser um dos responsáveis por animar o público como DJ, ele também é um dos diretores do Espaço Cultural Hip-Hop Charme, reconhecido mundialmente como um local de resistência e empoderamento negro. Sua formação profissional e familiar foram moldadas ali, o que torna o espaço ainda mais especial para ele.
A música sempre esteve presente na vida de DJ Michell, influenciada por seu pai Wilson Alves Pessoa e seu padrinho Alexandre Careca. O Baile Charme, patrimônio cultural imaterial do Rio de Janeiro, é uma prova viva dessa influência e predominância musical. A dança, a sensualidade e a coletividade presentes no charme têm raízes africanas e norte-americanas, mas também uma pegada bem carioca. O ritmo foi batizado de charme em referência ao balanço corporal cheio de elegância.
Desde os primeiros anos do Baile Charme no Viaduto de Madureira, DJ Michell já mostrava interesse em participar ativamente. Sua paixão pela música o levou a se tornar DJ ainda na adolescência. Mesmo ao estudar publicidade na faculdade, ele nunca deixou de frequentar o baile. Mais do que uma diversão, DJ Michell enxerga o Baile Charme como um local de transformação e empoderamento para os jovens negros periféricos.
Além de atuar como DJ, DJ Michell criou o projeto Rio Charme Social em 2012, oferecendo aulas de dança gratuitas para o público em geral. Mais de 15 mil pessoas já foram diretamente beneficiadas pelo projeto, que busca promover o empoderamento, resistência, acolhimento e pertencimento. A cultura é vista como uma ferramenta essencial nesse processo de fortalecimento e inclusão.
O Baile Charme acontece todos os sábados, das 22h às 5h, e atrai pessoas de diversas origens em busca de diversão e expressão. O espaço, que costumava ser associado à degradação e insegurança, foi transformado em um local vibrante, cultural e familiar. O impacto positivo na vida das pessoas vai muito além da diversão e da dança, refletindo em mudanças profundas e significativas.
DJ Michell destaca a importância do Baile Charme como um espaço de resistência e empoderamento negro, não apenas para ele, mas para toda a comunidade. Ele acredita no potencial transformador da cultura e da música, buscando semear um legado de inclusão e igualdade na sociedade. A história do Baile Charme no Viaduto de Madureira é um testemunho vivo da riqueza cultural das periferias cariocas e da importância da valorização da diversidade.