Ataque com mortos e feridos em assentamento do MST em SP: o que se sabe

Ataque no MST em Tremembé, SP: 2 mortos e 6 feridos. Principais informações sobre o caso. PF investiga. Ministério reforça proteção aos direitos humanos.

O que se sabe sobre ataque que deixou mortos em assentamento do MST no interior de SP

Crime aconteceu na noite da última sexta-feira (10), em Tremembé (SP). O DE separou as principais informações sobre o caso.

Assentamento do MST onde houve ataque que resultou em duas mortes em Tremembé, SP — Foto: Peterson Grecco/TV Vanguarda

Um ataque a tiros deixou dois mortos e seis feridos num assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Tremembé, no interior de São Paulo, no fim de semana.

Um homem foi preso suspeito de chefiar a invasão, e outro é procurado.

O DE separou as principais informações sobre o que já se sabe sobre o crime que chocou a cidade. Veja abaixo:

O QUE ACONTECEU

O assentamento Olga Benário, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), localizado em Tremembé, no interior de São Paulo, foi alvo de um ataque na noite da última sexta-feira (10).

O crime ocorreu por volta das 23h, na Estrada Kanegae, resultando em mortos e feridos. O número exato de envolvidos ainda não foi confirmado pela polícia.

QUEM SÃO AS VÍTIMAS

Duas pessoas morreram no local durante o ataque. As vítimas foram identificadas como Valdir do Nascimento de Jesus, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos. Eles foram velados neste domingo (12).

Outras seis pessoas, três homens e três mulheres, ficaram feridas por disparos e foram socorridas para o Hospital Regional de Taubaté e o Pronto-Socorro de Tremembé. Até o momento, não há informações sobre o estado de saúde delas.

Valdir do Nascimento de Jesus, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos, foram atingidos pelos disparos e não resistiram aos ferimentos. — Foto: Divulgação/MST

QUANTAS PESSOAS FORAM PRESAS E QUEM SÃO ELAS

Suspeito de chefiar o ataque, Antônio Martins, conhecido como “Nero do piseiro”, foi detido no sábado (11) após ser reconhecido por testemunhas. Ele passou por audiência de custódia na manhã deste domingo (12), e a Justiça decidiu mantê-lo preso por 30 dias.

A polícia procura outros envolvidos e já pediu a prisão de um segundo suspeito, Ítalo Rodrigues da Silva. Na tarde deste domingo, a Justiça de São Paulo autorizou sua prisão temporária, mas o homem está foragido.

VÍDEO mostra momento em que suspeito de chefiar ataque a assentamento do MST é preso

O QUE MOTIVOU O CRIME

Durante uma entrevista coletiva neste sábado (11), o delegado seccional de Taubaté, Marcos Parra, informou que as evidências iniciais apontam para uma possível disputa por um lote no assentamento como a motivação do crime.

Com o assentamento fechado que é, eles têm ali um entendimento de existir concordância para a admissão de pessoas novas no local. Até onde a gente apurou, essa concordância não teria acontecido nessa comercialização do terreno, contou o delegado.

O homem e seu grupo estariam lá para, num primeiro momento, intimidar, mas, como não intimidou e aconteceu, na verdade, uma repulsa da presença deles lá, a gente tem o nascimento de um confronto envolvendo arma branca e arma de fogo e levou a gente para esse resultado trágico de várias mortes e várias pessoas lesionadas, completou.

O QUE FOI APREENDIDO

A polícia apreendeu diversos objetos utilizados no ataque. Entre os itens confiscados estão armas brancas, como foices e facas, armas de fogo e um carro. Todo o material será submetido à perícia, com o objetivo de identificar possíveis impressões digitais dos envolvidos no ataque.

INVESTIGAÇÃO

O Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou que a Polícia Federal instaure um inquérito para investigar o ataque.

A Polícia Civil de São Paulo também investiga o caso.

Polícia prende homem acusado de ter chefiado ataque a assentamento do MST no interior de SP — Foto: Reprodução/TV Vanguarda

O ASSENTAMENTO

O assentamento Olga Benário está localizado na Estrada Kanegae, na zona rural de Tremembé, no interior de São Paulo.

O local é regularizado pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) há cerca de 20 anos para o Movimento dos Sem Terra. Segundo a assessoria do MST, cerca de 45 famílias vivem no local.

PF investiga assassinato de 2 pessoas em assentamento do MST no interior de SP

MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS DIZ QUE VAI REFORÇAR PROTEÇÃO

O Ministério de Direitos Humanos e Cidadania informou que “está buscando mais informações sobre os fatos ocorridos e oferecerá assistência para as lideranças do assentamento e sua coletividade”.

Ainda segundo o Ministério, “o grave ataque contra o assentamento do MST e o assassinato de lideranças soma-se aos alertas anteriores para a urgência de fortalecimento das políticas de proteção aos defensores de direitos humanos que integrem as esferas federal e estadual, os sistemas de Justiça e de Segurança Pública e as redes de proteção”.