Reduza 75% das emissões de gases estufa na região de Campinas: Descubra como

Combustíveis são responsáveis por 75% das emissões de gases estufa em Campinas. Saiba como reduzir e veja quais setores são os maiores emissores na região.

Por que combustíveis respondem por 75% das emissões de gases estufa na região de Campinas e o que fazer para reduzir

Refinaria da Petrobras, extensa malha rodoviária, alto número de automóveis e aeroporto internacional fazem região ter perfil de emissões diferente do Brasil.

Os combustíveis são responsáveis por 75% das emissões de gases geradores do efeito estufa na região de Campinas, segundo o Observatório do Clima. O percentual é acima da média brasileira, que tem 12% dos lançamentos causados por esse emissor. Entenda abaixo motivo.

Os gases do efeito estufa são responsáveis pelo aquecimento do planeta e, consequentemente, pelo aumento da frequência de eventos climáticos extremos, como temporais e queimadas.

Dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), divulgados no mês passado, mostram que a região de Campinas emitiu 12,3 milhões de toneladas de CO2 equivalente (tCO2e) em 2023, um aumento 4,1% em relação ao ano anterior e o maior patamar da série histórica. Veja detalhamento:

– Produção de combustíveis + uso em veículos (transportes): 9.346.888 tCO2e (75%)
– Saneamento (lixo e esgoto): 877.814 tCO2e (7,1%)
– Pecuária: 799.425 tCO2e (6,5%)
– Indústria: 338.478 tCO2e (3,1%)
– Geração de energia: 301.370 tCO2e (2,4%)
– Desmatamento: 151.824 tCO2e (1,2%)
– Outros: 527.378 tCO2e (4,2%)
– Total de emissões na região de Campinas: 12.343.177 tCO2e

Mas por que os combustíveis têm peso maior na região de Campinas, se comparado ao Brasil?

Segundo o coordenador do SEEG, David Tsai, o perfil dos lançamentos de gases na região de Campinas é diferente do país. Enquanto nacionalmente as emissões por desmatamento e pecuária são as mais relevantes, na região de Campinas os combustíveis lideram.

Isso pode ser explicado por alguns fatores específicos da região:
– Presença da Refinaria da Petrobras em Paulínia (SP): responsável sozinha por 33% das emissões.
– Extensa malha rodoviária: queima de diesel por caminhões é responsável por 13% do total de lançamentos.
– Alto número de automóveis: queima de gasolina em carros respondem por 12% das emissões.
– Aeroporto internacional: aviões e helicópteros emitem 7,8% do total de poluentes.

O QUE FAZER PARA REDUZIR?

David explicou que tem diversas ações que podem ser feitas individualmente para ajudar nas metas de redução de emissões de gases poluentes. Ele listou algumas:
– Optar por fontes energéticas no transporte que sejam menos intensivas em carbono, como etanol e eletricidade;
– Consumir produtos locais, que vão exigir menos transporte e, com isso, emitir menos poluentes;
– Deixar o carro em casa, quando possível, escolhendo opções de transporte público, caminhada ou bicicleta;
– Checar a procedência de produtos, optando pelas empresas que têm compromisso em compensação ambiental e redução de carbono;
– Reduzir a produção de lixo em casa.

“O Brasil é bastante privilegiado em relação ao resto do mundo por ter a disponibilidade de biocombustível, como etanol e biodiesel, além dos veículos elétricos”, explicou o coordenador do SEEG.

MAIORES EMISSORES DA REGIÃO

Campinas registra aumento de 6% na emissão de gases poluentes

1. Paulínia: 4.513.377
2. Campinas: 2.934.902
3. Sumaré: 534.202
4. Americana: 478.879
5. Mogi Guaçu: 456.433
6. Indaiatuba: 391.486

Entenda: são vários os gases emitidos (carbono, metano, ozônio, enxofre) que geram o efeito estufa, com isso, para padronizar, o SEEG faz a conversão dos demais poluentes em gás carbônico. Assim, a medida do estudo é em toneladas de gás carbônico equivalente (tCO2e).

PAULÍNIA NO TOPO

Paulínia (SP), município na região de Campinas, foi a cidade do interior de São Paulo que mais emitiu gases do efeito estufa na atmosfera em 2023. No total, 96% das emissões foram causadas pela produção de combustíveis realizada na refinaria da Petrobras.

Os dados do SEEG mostram que 4,51 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (tCO2e) foram emitidos em Paulínia, o maior volume de emissões desde 2015, quando a cidade bateu recorde.

Segundo o SEEG, o principal gerador de gases estufa na cidade foi o refino de petróleo, atividade feita pela Replan, a maior refinaria da Petrobras.

Veja emissão por setor econômico:
– Refino de petróleo: 4.336.875 tCO2e
– Transportes: 688.201 tCO2e
– Indústria: 168.902 tCO2e
– Geração de eletricidade: 121.792 tCO2e

Segundo David Tsai, coordenador do SEEG, a refinaria é um grande emissor porque em duas etapas na produção de combustíveis são gerados os gases do efeito estufa.

RANKING

Considerando todo o estado de São Paulo, Paulínia só ficou atrás da capital paulista e de Guarulhos em volume de emissões de gases estufa. Veja ranking:

1. São Paulo: 14.472.375 tCO2e
2. Guarulhos: 4.750.934 tCO2e
3. Paulínia: 4.513.377 tCO2e
4. São José dos Campos: 3.725.161 tCO2e
5. Campinas: 2.934.902 tCO2e
6. Cubatão: 2.828.911 tCO2e

O QUE DIZ A PETROBRAS

Questionada sobre os indicadores, a Petrobras respondeu em nota que está comprometida com a redução de emissões em suas operações e afirmou ainda que, entre 2015 e 2023, reduziu as emissões operacionais de 78 milhões de toneladas de CO2 para 46 milhões de toneladas, “uma redução equivalente a três vezes o setor de aviação brasileira”. A companhia ainda destacou que “as emissões de metano foram reduzidas em 70% nesse período”.

“A empresa tem o compromisso de neutralizar o lançamento de gases de efeito estufa até 2050, e para isso criou o Programa Carbono Neutro. Acreditamos que conciliar o foco em petróleo e gás com a diversificação de portfólio em negócios de baixo carbono é o caminho mais eficaz e justo para a transição energética”.

A Petrobrás afirmou também que seu atual planejamento (2025-2029) prevê o investimento de US$ 16,3 bilhões em projeto de baixo carbono, um incremento de 42% em relação ao planejamento passado.

“Em 2021 estruturamos o Programa RefTOP, com objetivo de nosso Parque de Refino estar entre os melhores do mundo em eficiência operacional, sustentabilidade e eficiência energética. Os programas RefTop e Carbono Neutro abrangem a operação da Refinaria de Paulínia, cujos indicadores, em 2024, estão muito próximos da meta de 2030”.

RECORDE EM CAMPINAS

Na contramão do Brasil, que, puxado pela queda do desmatamento na Amazônia, registrou queda de 12% na emissão de gases do efeito estufa em 2023, Campinas (SP) registrou alta de 6% na comparação com 2022 e, assim, atingiu o maior nível de lançamento de gases da série histórica.

“Esses gases emitidos para a atmosfera regulam o sistema climático. É como se fosse um cobertor invisível, é uma capa invisível. Quanto mais a gente aumenta a grossura desse cobertor, jogando gases na atmosfera, maior a quantidade de calor a gente vai acumular na atmosfera, o que vai gerar toda essa energia que leva a esses eventos extremos climáticos”, explicou David Tsai.

Emissão de gases do efeito estufa em Campinas nos últimos 10 anos (toneladas CO2e) Metrópole registrou recorde em 2023

Fonte: SEEG

EMISSÕES POR SETOR

Em Campinas, o setor dos transportes (passageiros e de cargas) é responsável por 69,7% das emissões, seguida por saneamento básico, que inclui lixões, aterros sanitários e estações de tratamento de esgoto. Veja detalhamento:

– Transporte (carros, caminhões, ônibus, aviões): 1.994.110 tCO2e (67,9% do total)
– Saneamento básico (esgoto e lixo): 686.754 tCO2e (23,3% do total)
– Edificações (construção): 143.817 tCO2e (4,9% do total)
– Pecuária: 71.754 tCO2e (2,4% do total)
– Agricultura: 18.946 (0,6% do total)