General Walter Braga Netto em prisão especial na 1ª Divisão do Exército

O general Braga Netto está preso por obstrução de justiça no Rio de Janeiro. Detido em acomodações especiais, é acusado de tentar golpe de Estado em 2022.

O general Walter Braga Netto, preso em 14 de dezembro por obstrução de justiça nas investigações sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, está sendo mantido em um quarto nas dependências do chefe de Estado-Maior da 1ª Divisão do Exército, no Rio de Janeiro. Esse cargo está logo abaixo do comandante da unidade militar. O cômodo onde Braga Netto está alojado conta com comodidades como ar condicionado, geladeira, armário, televisão e banheiro exclusivo. As refeições são servidas no rancho, restaurante destinado aos oficiais de patentes mais elevadas.

A estrutura do Exército no Rio teve que ser adaptada para acomodar o general de quatro estrelas, uma vez que não existia um espaço adequado para isolar um militar dessa patente. Diante disso, a sala onde Braga Netto está detido teve que ser improvisada para sua custódia. Vale ressaltar que a prisão especial é uma prerrogativa dos militares antes da condenação definitiva, e oficiais são mantidos em alojamentos dentro de unidades militares durante esse período.

A 1ª Divisão do Exército é responsável por reunir os batalhões operacionais do Comando Militar do Leste, unidade encarregada de comandar as tropas do Exército nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Localizada na Vila Militar, em Deodoro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, a unidade é comandada por um general de três estrelas, hierarquicamente abaixo de Braga Netto. O fato de o general estar preso em uma unidade que já foi subordinada a ele entre 2016 e 2019 tem gerado desconforto entre os militares.

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, fundamentou a prisão do general em novos elementos relacionados ao inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado. De acordo com a Polícia Federal, Braga Netto teria atuado para obter informações acerca de um acordo de colaboração com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro. Há indícios de que o general teria agido com dolo para impedir ou atrapalhar as investigações em curso.

A defesa de Braga Netto nega as acusações de obstrução e afirma que o militar não interferiu nas investigações. Moraes destacou que a Polícia Federal encontrou indícios de que o general teve participação ativa na chamada Operação Punhal Verde Amarelo, planejada para manter Bolsonaro no poder e eliminar outras autoridades públicas. A investigação revela que Braga Netto teria coordenado as ações e providenciado recursos para sua realização.

O Exército se pronunciou sobre a situação de Braga Netto em custódia na 1ª Divisão do Exército, explicando que a detenção do general em uma unidade militar é uma prerrogativa prevista na legislação. O general de quatro estrelas está recebendo tratamento adequado e acompanhamento legal durante o período de prisão. A defesa do militar reiterou sua inocência e confiança no devido processo legal para esclarecer os fatos que fundamentam a decisão de prisão.