Piquerez, o “gênio” do Palmeiras: do sucesso acadêmico às assistências em campo

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Piquerez matemático: lateral do Palmeiras foi “gênio” no colégio, cursou física e orgulha professores

Reportagem do ge visita escola em que o lateral-esquerdo estudou no Uruguai; jogador se recuperou de lesão e voltou a atuar no Verdão após seis meses, com direito a assistência

Lesionado, Piquerez ativa modo influencer nas redes sociais

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Quem olhasse o boletim escolar de Joaquín Moreira Piquerez no Colégio y Liceo Sagrada Família, em Montevidéu, no Uruguai, imaginaria logo de cara que aquele garoto magro e de sorriso fácil iria se tornar um economista ou até mesmo um matemático.

Pois o atual lateral-esquerdo do Palmeiras, recém-recuperado de uma grave lesão no joelho e de voltou aos gramados após seis meses fora – com direito a assistência no último domingo, contra o Guarani –, surpreendeu e mostrou que um jogador de futebol também pode ser muito bom com os números.

A reportagem do ge visitou o colégio em que Piquerez estudou dos três aos 18 anos de idade e descobriu que ele é unanimidade entre diretores e professores. Apesar de acumular faltas pelas viagens que fazia por causa enquanto ainda atuava na base, ele nunca deixou as notas (principalmente de matemática) caírem.

– Eu sempre fui um professor que exigia bastante, e por ele ter escolhido a matéria técnica de economia, precisaria muito da matemática. E ele nunca foi um aluno que vinha pedir para entregar as coisas no dia seguinte. Cansado ou não, ele sempre trabalhou muito bem – afirmou Jorge Brisset, professor de matemática de Piquerez e que atualmente é o diretor do colégio.

– Uma vez Joaquín acumulou 25 faltas por ter que disputar um campeonato juvenil na Espanha. Quando ele voltou, pegou tudo muito fácil e tirava as notas máximas. Se dedicava muito, temos muitas boas recordações dele – acrescentou.

O boletim da imagem acima foi o último de Piquerez no colégio em que passou toda a sua infância e adolescência. As notas 9 em matemática I e 10 em matemática III não eram por acaso.

As matérias de “exatas” sempre foram as preferidas do jogador, que assume que ler livros nunca foi o seu forte. Tanto é que depois que terminou a escola foi aprovado na Faculdade de Ciências de Montevidéu, estudou por alguns meses e teve que abandonar a formação para se dedicar ao futebol.

– Eu era muito mais dos números que da literatura, de ler. Na verdade, falando especificamente da matemática com ele (Jorge), eu gostava muito, um baita professor. Sinto muitas saudades dessa época – recordou Piquerez ao ge.

Jorge também sente saudades e fala do seu ex-aluno com orgulho. Diz, inclusive, que vai torcendo pelos clubes em que Piquerez joga. Torcedor do Peñarol, ele também diz ser um pouco palmeirense.

– Um orgulho enorme. Quando ele morava aqui ainda ele jogou no Defensor, no River e no Peñarol e eu já estava contentíssimo. Pouco tempo depois ele foi para o Palmeiras, que já faz um tempo que tem um novo torcedor (risos). Quando joga pela seleção uruguaia, então, nem se fala – finalizou.

Se dentro da sala de aula Piquerez já se destacava, quando ele ia para a quadra do colégio a coisa ficava ainda mais complicada para os colegas. Desde muito pequeno, ele se destacava no futebol e mostrava algo diferente.

Piquerez, então, começou a jogar pelo time do colégio e acumulou bons jogos nos campeonatos que participou. Em uma dessas partidas, o garoto foi fotografado, e o barbeiro da família mostrou a imagem para um treinador da base do Defensor Sporting.

O técnico viu a foto, gostou da “postura de jogador” de Piquerez e o chamou para um teste. Passou de primeira e lá seguiu por cinco anos, até se profissionalizar e ser vendido ao River Plate, do Uruguai.

O problema para os companheiros de sala do lateral-esquerdo é que a partir do dia da aprovação, os jogos na quadra do Colégio Liceo não podiam mais contar com o craque do interclasses. Mas Piquerez dava um jeito.

– A gente tinha um desafio: o “terceirão” contra nós professores. Em 2016, era a gente contra a sala do Piquerez, e o Defensor não deixava ele jogar fora de lá. Ele começou no banco de reservas e fizemos 2 a 1. Quando viram que iam perder, o Piquerez entrou, fez três gols e sentou no banco de novo. Perdemos de 4 a 2 – recorda Alekos Mara, professor de história, aos risos.

A escola foi a principal ferramenta para Piquerez conquistar tudo que teve na vida. Os ensinamentos, segundo os funcionários do colégio, foram vitais para o jogador ser uma pessoa regrada e determinada dentro de campo.

– O Joaquín sempre foi muito bonzinho. Estou aqui na recepção desde que ele era pequeno, e me recordo dele pedir para sentar na minha cadeira para jogar um jogo do “pinguinzinho” no computador. Sempre foi um bom menino que lembramos com orgulho – relembra Alejandro, que até hoje cuida da recepção do colégio.

Quando volta para jogar no seu país natal, Piquerez reencontra suas raízes e tem a certeza que deixou um bom legado por onde passou.

De volta aos gramados após se recuperar da lesão no joelho esquerdo, o lateral-esquerdo espera voltar ao seu país novamente para vestir a camisa de sua seleção. Com contrato até o fim de 2026 com o Palmeiras, ele terá nessa temporada grandes desafios que podem colocá-lo de volta no caminho das glórias.

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