Caso da idosa com pé amputado: Polícia Civil do DF diz que não há indícios de crime
Cerca de um mês após procedimento feito em casa e sem anestesia, mulher de 103 anos amputou perna na altura da coxa em hospital particular. PCDF diz que enfermeira não fez amputação.
Idosa, de 103 anos, teve pé amputado — Foto: Imagem cedida pelo portal Metrópoles
Reviravolta no caso: a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) informou, nesta sexta-feira (31), que não vê indícios de crime no caso da idosa de 103 anos que teve parte do pé retirado por uma enfermeira, em casa e sem anestesia, no Distrito Federal. A informação foi divulgada em coletiva de imprensa. Até então, a PCDF dizia que o caso estava “sob sigilo”.
Segundo a delegada Ângela Maria dos Santos, “até este momento não há indícios de crime”. A polícia admite que não houve uso de anestesia na retirada de partes do membro necrosado da idosa, em casa. A delegada diz que investigação segue em andamento, mas que não foram verificados indícios de maus-tratos com a idosa (saiba mais abaixo).
Na segunda-feira (27), mais de um mês depois do procedimento, a idosa teve que passar por uma cirurgia de amputação da perna, na altura do meio da coxa, em um hospital particular de Brasília. Segundo a PCDF, a paciente se recupera bem, em casa, na Asa Norte.
O caso foi comunicado à Polícia Civil também na segunda-feira (27), e é investigado pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, ou por Orientação Sexual, ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin).
A idosa – que segundo a polícia é acompanhada desde 2023 por uma equipe médica e de enfermagem – tinha uma ferida no “dedão” do pé que aumentou a ponto de ter uma indicação médica para amputação. Mas, por causa da idade da paciente, a família optou por tratar o ferimento com cuidados paliativos, o que poderia gerar uma amputação natural.
COMO FOI O PROCEDIMENTO EM CASA?
O procedimento, feito em casa, não foi uma amputação, de acordo com a Polícia Civil do Distrito Federal (DE). Segundo o perito médico-legista da PCDF Otávio Castello, foram três seções de curativos secos, que geraram o desbridamento – remoção de tecido necrosado, infectado ou desvitalizado – de parte do pé da idosa no dia 13 de dezembro.
A enfermeira que fez o procedimento, segundo a PCDF, é especializada em estomaterapia, que é o tratamento de feridas. De acordo com Otávio Castello, o trabalho da enfermeira foi feito em duas sessões com: lavagem do tecido, aplicação de laser, realização de curativo para feridas agudas.
Na terceira sessão, segundo a PCDF, houve o descolamento espontâneo dos cinco dedos e da parte de cima do pé da idosa. Nesta última fase, a enfermeira utilizou um bisturi para esfacelos – tecidos necróticos que se acumulam em feridas e que impedem a cicatrização.
POR QUE NÃO HOUVE O USO DE ANESTESIA?
Durante todo o procedimento realizado em casa não houve uso de anestesia, segundo a Polícia Civil do Distrito Federal. De acordo com o perito médico-legista da DE, Otávio Castello, “não houve uso, pois não era esperado que houvesse dor”.
COMO FOI FEITO O DESCARTE DO PÉ?
Segundo a PCDF, a troca de mensagens entre a enfermeira e membros da família sobre a dificuldade para descartar o pé ocorreu, mas a enfermeira não levou o material biológico para o hospital público, como foi dito na captura de tela. De acordo com a investigação, após tentar o descarte no hospital particular onde trabalha, ela informou a família por meio de mensagens e devolveu o pé para os familiares. O descarte foi feito na casa da idosa, no lixo hospitalar cuidado pela equipe de saúde que acompanha a paciente.
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