Assessor da Casa Civil, da Defesa e de deputado distrital: quem é o coronel que
foi alvo de operação da PF sobre trama golpista
Flávio Peregrino Botelho é militar da reserva do Exército e tem longo histórico
de parceria com Braga Netto. PF aponta participação de Peregrino em plano para
golpe de Estado e para atrapalhar investigações.
Assessor de Braga Netto também é alvo de operação
O coronel da reserva Flávio Botelho Peregrino foi alvo na manhã deste sábado
(14), em Brasília, de buscas da Polícia Federal
em um desdobramento da investigação que apura uma tentativa de golpe de Estado
em 2022.
Além de Peregrino, a operação também teve como alvo o ex-ministro da Defesa e da
Casa Civil Walter Souza Braga Netto, que foi preso preventivamente.
Por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes,
Peregrino não teve a prisão decretada. O coronel foi alvo somente de mandados de busca e apreensão, além de uma medida que proíbe comunicação com outros investigados.
Flávio Botelho Peregrino ingressou no Exército em fevereiro de 1986, segundo o
Portal da Transparência. Depois de 34 anos, em agosto de 2020, ele passou para a
reserva remunerada.
Ao longo dos últimos quatro anos, o militar passou por cargos no Gabinete de
Segurança Institucional (GSI), da Casa Civil e do Ministério da Defesa.
Mais recentemente, ele foi nomeado como assessor de comunicação na Câmara
Legislativa do Distrito Federal no gabinete do deputado Thiago Manzoni (PL).
A investigação da Polícia Federal também aponta que a dupla também atuou para
“obstruir as investigações”, tentando interferir na colaboração premiada do
tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).
Peregrino já havia sido mencionado anteriormente nas investigações. Estava na
mesa dele um documento apreendido pela PF, na sede do Partido Liberal, que
tratava de um plano para impedir a posse de Lula.
Ele voltou ao centro da apuração com outro arquivo, que indica uma possível
tentativa de acessar informações sobre depoimentos de Cid.
Apesar disso, ele não consta da lista de indiciados pela PF pela tentativa de golpe de Estado.
PARCERIA COM BRAGA NETTO
Peregrino tem longo histórico de proximidade com Braga Netto. Ao longo do
governo de Bolsonaro, o militar exerceu funções dentro do GSI, da Casa Civil e
do Ministério da Defesa.
Nas duas últimas pastas, o coronel acompanhou as nomeações de Braga Netto para o
comando dos ministérios.
No período, ainda no início da pandemia de Covid-19, o coronel foi indicado por
Braga Netto para integrar o comitê de crise de monitoramento dos impactos da
doença.
Flávio Peregrino ainda retornou à Casa Civil em 2022 — meses antes de Walter
Souza Braga Netto ser exonerado do comando da Defesa, em um movimento orquestrado para habilitar o general como candidato a vice-presidente na chapa com Jair Bolsonaro.
A derrocada de Bolsonaro e Braga Netto não encerrou a parceria entre os dois
alvos da operação da PF deste sábado.
Depois de o ex-ministro assumir um cargo dentro do PL, Peregrino passou a dar
expediente como auxiliar na sede da sigla, em Brasília.
Assessor de Braga Netto também é alvo de operação
O coronel da reserva Flávio Botelho Peregrino foi alvo na manhã deste sábado
(14), em Brasília, de buscas da Polícia Federal
em um desdobramento da investigação que apura uma tentativa de golpe de Estado
em 2022.
Além de Peregrino, a operação também teve como alvo o ex-ministro da Defesa e da
Casa Civil Walter Souza Braga Netto, que foi preso preventivamente.
Por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes,
Peregrino não teve a prisão decretada. O coronel foi alvo somente de mandados de busca e apreensão, além de uma medida que proíbe comunicação com outros investigados.
Flávio Botelho Peregrino ingressou no Exército em fevereiro de 1986, segundo o
Portal da Transparência. Depois de 34 anos, em agosto de 2020, ele passou para a
reserva remunerada.
Ao longo dos últimos quatro anos, o militar passou por cargos no Gabinete de
Segurança Institucional (GSI), da Casa Civil e do Ministério da Defesa.
Mais recentemente, ele foi nomeado como assessor de comunicação na Câmara
Legislativa do Distrito Federal no gabinete do deputado Thiago Manzoni (PL).
A investigação da Polícia Federal também aponta que a dupla também atuou para
“obstruir as investigações”, tentando interferir na colaboração premiada do
tenente-coronel Mauro Cid.
Peregrino já havia sido mencionado anteriormente nas investigações. Estava na
mesa dele um documento apreendido pela PF, na sede do Partido Liberal, que
tratava de um plano para impedir a posse de Lula.
Ele voltou ao centro da apuração com outro arquivo, que indica uma possível
tentativa de acessar informações sobre depoimentos de Cid.
Apesar disso, ele não consta da lista de indiciados pela PF pela tentativa de golpe de Estado.
PARCERIA COM BRAGA NETTO
Peregrino tem longo histórico de proximidade com Braga Netto. Ao longo do
governo de Bolsonaro, o militar exerceu funções dentro do GSI, da Casa Civil e
do Ministério da Defesa.
Nas duas últimas pastas, o coronel acompanhou as nomeações de Braga Netto para o
comando dos ministérios.
No período, ainda no início da pandemia de Covid-19, o coronel foi indicado por
Braga Netto para integrar o comitê de crise de monitoramento dos impactos da
doença.
Flávio Peregrino ainda retornou à Casa Civil em 2022 — meses antes de Walter
Souza Braga Netto ser exonerado do comando da Defesa, em um movimento orquestrado para habilitar o general como candidato a vice-presidente na chapa com Jair Bolsonaro.
A derrocada de Bolsonaro e Braga Netto não encerrou a parceria entre os dois
alvos da operação da PF deste sábado.
Depois de o ex-ministro assumir um cargo dentro do PL, Peregrino passou a dar
expediente como auxiliar na sede da sigla, em Brasília.
‘LULA NÃO SOBE A RAMPA’: OS DOCUMENTOS APREENDIDOS
Em relatório, a Polícia Federal afirma que apreendeu na mesa de Peregrino, na
sede do PL, o manuscrito de um plano que tinha como objetivo impedir que Lula
subisse a rampa do Palácio do Planalto. Relembre na imagem acima.
O documento batizava o planejamento como “Operação 142”, fazendo referência ao
artigo da Constituição de mesmo número que é interpretado indevidamente como um
dispositivo que autorizaria uma intervenção militar no país.
O plano elencava um conjunto de 6 etapas para, segundo a PF, “implementar a
ruptura institucional após a derrota eleitoral” de Bolsonaro.
No pedido que baseou a decisão de Moraes neste sábado, a Polícia Federal
apresentou outros elementos da participação de Peregrino na trama golpista.
Segundo a Polícia Federal, o documento sinaliza a “preocupação sobre temas
identificados pela Polícia Federal relacionados à tentativa de golpe de Estado”.
E evidencia que o grupo praticou “atos concretos” para ter acesso à colaboração
de Cid, indicando um esforço para atrapalhar as investigações.
ASSESSOR NA CLDF
Neste ano, já em meio às investigações da tentativa de golpe, Flávio Peregrino
foi nomeado para um cargo no gabinete do deputado distrital Thiago Manzoni.
A nomeação foi publicada em agosto. Desde então, Peregrino cumpre expediente
como assessor de comunicação do parlamentar, que é presidente da Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Em nota à imprensa, Manzoni afirmou que tomou conhecimento da operação contra o
funcionário por meio da imprensa e que não havia conseguido “estabelecer contato
com ele”.
O deputado não disse se o assessor seguirá lotado no gabinete e se limitou a
dizer que aguardará o “desenrolar das diligências”.
Leia abaixo a íntegra da nota do deputado distrital:
“Tomamos ciência, pela imprensa, da busca e apreensão realizada na residência do
assessor Flávio Botelho Peregrino, em procedimento relacionado a fatos
anteriores à sua atuação em nosso gabinete. Até o momento, não conseguimos
estabelecer contato com ele após a veiculação das matérias jornalísticas.
Flávio ingressou no gabinete no segundo semestre deste ano. Desde então, auxilia
na assessoria de comunicação e desempenha suas funções com excelência e
respeitando os valores éticos mais elevados.
Sempre levando em conta o princípio da presunção de inocência, que é um dos
pilares do Estado de Direito, aguardamos o desenrolar das diligências realizadas
hoje.”