Casal transforma pneus descartados em esculturas de animais em tamanho real:
‘Gratificante’
Débora e Rodrigo Zamboni já construíram girafa, araras, galos, corujas e outros
animais a partir de pneus. Enquanto ele cria a estrutura, ela cuida da parte
visual da obra.
Coruja e girafa feitos com pneus descartados pelo casal — Foto: Arquivo pessoal
Um casal decidiu usar o tempo livre para transformar pneus descartados em
esculturas de animais em tamanho real. Criada em Iguape (SP),
[Barrer] Débora Zamboni, de 50
anos, uniu as habilidades artísticas às do marido, Rodrigo, para moldar e pintar obras como uma girafa de 2,90 metros de altura (veja acima).
> “É um meio de a gente ficar junto, porque ele trabalha fora, fica a semana
> inteira fora de casa. Aí, no final de semana, a gente vai fazer essas coisas
> para poder ter um tempo nosso, ficar junto, conversar”, contou a mulher.
Débora cresceu em Iguape, cidade natal da mãe. Foi lá que ela pegou gosto pelo
artesanato e começou a se arriscar com as peças em barro. Enquanto enveredava
por outras possibilidades, ela explorou também o uso do biscuit. A mulher
conheceu o marido em Boituva (SP) e, em 2006, eles se mudaram para Sorocaba
(SP).
“Estava mexendo no Youtube, que eu sou muito curiosa com esse negócio de
artesanato. Vi uma arara feita de pneu para pôr planta, que eu gosto também. E
falei para ele: ‘Ó, faz uma para mim’. Ele falou: ‘Ah, não vou fazer, não sei
fazer’. Falei: ‘Não, você consegue’”, recordou.
Rodrigo acatou o pedido da companheira. O casal logo começou a recolher pneus na
caçamba de descarte de uma borracharia e em uma bicicletaria perto de casa.
O sondador, que trabalha com perfuratriz de poço artesiano, identificou-se com a
produção dos vasos artesanais e, pouco antes da pandemia, resolveu testar uma
nova habilidade: a projeção de animais.
Como sou muito amante de bicho, disse: ‘Ah, vou arriscar fazer uns galos’.
Porque desde moleque eu criava uns galos […] Comecei a fazer, começou a dar
certo, a gente achou que estava ficando legal”, explicou o homem de 52 anos à
equipe de reportagem.
Enquanto Rodrigo é responsável pela estrutura e finalização do animal, Débora
cuida da parte visual. Uma vez definido o formato, o casal passa uma mão de
zarcão para proteger a superfície do pneu. Em seguida, a mulher escolhe as cores
e pinta à mão, usando uma espécie de catalisador em tinta para secar mais
rápido.
Segundo Rodrigo, o material que compõe o pneu é resistente e, por conta disso, é
importante usar instrumentos que façam cortes precisos.
O estilete é o ‘fiel companheiro’ dele para deixar o mínimo de rebarbas na
estrutura do animal. Outro instrumento de trabalho é a cola, usada para unir as
peças, além de pequenos parafusos. Quando a escultura é grande, Rodrigo utiliza
vergalhões de ferro soldados para a base.
O hobby de Rodrigo e Débora é reconhecido por muitos, tanto que o casal planejou
fazer uma girafa de 4,20 metros para presentear a empresa onde ele trabalha, em
São Paulo. O resultado foi um pouco diferente: para que o bicho passasse pela
porta de casa, foi necessário abaixar o pescoço dele a fim de deixar o dorso com
2,90 metros.
“[Fez] sucesso! Aí ficou legal. Aí ficou legal. Cortei todo o pescoço e dobrei os ferros. Fiz a
cabeça dela abaixada […] Essa girafa, eu pegava ela de sábado, cedo, e largava
[o serviço às] 2 horas da manhã. Tinha sábado e domingo para mexer. Nós fizemos
acho que em cinco finais de semana”, explicou Rodrigo.
Débora ressaltou que o marido está sempre atento à segurança, já que o pneu
libera substâncias que podem ser tóxicas à saúde. Sendo assim, o sondador usa
máscaras específicas e toma cuidado enquanto manuseia a lixadeira.
Até o momento, o casal já fez galos, bichos-preguiça, araras, tucanos e até um
burro com direito a carroça de madeira. Eles não descartam a ideia de vender
alguns itens, mas encaram a produção como hobby.
“É trabalhoso fazer com pneus, mas para nós, é gratificante depois que está
pronto”, disse Rodrigo. “Hoje, se eu pudesse viver só disso, eu queria. Mas
tenho minha profissão, não estou aposentado ainda, e a gente não vê como um
meio de sobreviver só com isso. [Mas] é muito gostoso”.